Piratas do asfalto roubam mais de um bilhão de reais em sete anos no Brasil

Saques em estradas do país disparam. Sudeste é campeão em ataques e MG, uma das principais rotas dos criminosos

Pedro Rocha Franco

As rodovias que cruzam Minas Gerais tornaram-se lamentavelmente famosas em todo o país pelas armadilhas que abrigam e, em muitos casos, pela péssima qualidade do asfalto. Porém, um de seus maiores riscos é invisível e permanece à espreita principalmente dos transportadores de carga, mas também de quem corta o estado a bordo de ônibus. Na calada da noite, piratas do asfalto aproveitam qualquer momento de desatenção para agir. A abordagem é rápida, violenta, mas fácil. O bote, certeiro.

Bandidos das estradas não fazem preferência por tipo de produto a ser roubado, mas crime pode ser encomendado Foto: Jair Amaral/EM/D.A Press

Estudo mostra que, em seis anos, o volume de cargas saqueadas no país subiu de R$ 700 milhões para R$ 900 milhões, marca alcançada em 2009, com ataques concentrados na Região Sudeste. Quase 75% dos roubos registrados no ano passado, R$ 658,4 milhões, ocorreram em São Paulo, Minas, Rio de Janeiro e Espírito Santo. A projeção é de que as estradas mineiras ocupem o segundo lugar na quantidade de ocorrências e no total roubado, logo depois das paulistas, por causa do tamanho da malha rodoviária e pelo fato de oestado ser rota para caminhões que cruzam o país.

A audácia que sustenta a pirataria no asfalto é tamanha que receptadores chegam a encomendar carregamentos específicos aos saqueadores. O relatório que retrata a situação vivida por caminhoneiros, produzido pela NTC & Logística, associação representante da indústria de transporte de cargas, aponta que três regiões - Nordeste, Sudeste e Sul - seguem a tendência de aumento no total de valores roubados nos últimos quatro anos, enquanto o Norte apresenta queda e o Centro-Oeste mantém percentual semelhante ao de 2006.

Como quatro a cada cinco ataques acontecem no Sudeste, o aumento de 22,74% nas ocorrências na região interfere no resultado de todo o país. Não por acaso, as estatísticas mostram que houve crescimento de 18,41% nos dados nacionais, que saltaram de 11.401 episódios de cargas saqueadas, em 2006, para 13.500, no ano passado.

Principais alvos

Em Minas, segundo a Federação das Empresas de Transportes de Carga do estado (Fetcemg), são quatro as principaisrotas de atuação dos ladrões de carga: Triângulo Mineiro, no eixo da BR-050; Sul de Minas, com ação concentrada na Fernão Dias, especialmente na divisa com São Paulo; na Zona da Mata, aproveitando a proximidade entre Juiz de Fora e o Rio de Janeiro; e na Região Central, com roubos quase diários na BR-040, entre Paraopeba e o trevo de Curvelo.

Segundo o presidente da Fetcemg, Vander Francisco da Costa, as quadrilhas escolhem rotas que possibilitem facilidade de fuga para outros estados, para tirar proveito da falta de integração entre as polícias.

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