Energisa tem mais de R$ 100 milhões de lucro mas quer cortar remuneração dos eletricitários

Dois mil e 500 trabalhadores da Energisa ameaçam entrar em
greve para aumentar participação nos lucros e contra a terceirização

Edson Verber

Contra a terceirização dos serviços prestados por eletricitários e leituristas. É essa a palavra de ordem que poderá levar cerca de 2 mil e 500 trabalhadores da Concessionária de Energia Elétrica, em todo Estado da Paraíba, a entrar em greve por tempo indeterminado, até o início de outubro.
O anúncio foi feito, ontem, pelo presidente do Sindeletric-PB (Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Energia do Estado), Manoel Henrique, que lembrou a realização de ato público, última quarta-feira, na frente da Central de Atendimento da Energisa, na Avenida Dom Pedro II, Centro, em João Pessoa.
“O ato público que realizamos na quarta é um aviso para a direção da Energisa no sentido de que estamos iniciando uma mobilização que poderá resultar no início de uma greve geral nos próximos 20 dias, em defesa do aumento na participação dos lucros e resultados (PLR) de R$ 1.068, relativos a 2008, para R$ 1.551, relativamente aos ganhos da empresa em 2009”.

Terceirização

Garante que “a nossa participação nos lucros da Energisa, atualmente, é mínima, uma vez que ela lucrou, em 2009, mais ou menos, R$ 140 milhões, enquanto a gente está para receber não mais do que R$ 1.180. Nós reivindicamos R$ 1.551, que ainda é pouco. Caso a empresa não aceite a nossa proposta poderemos parar as nossas atividades, nos próximos dias, em todo Estado, por tempo indeterminado” – disse Manoel Henrique.
E agora, prosseguiu, em 2010, temos um motivo mais forte ainda para entrarmos em greve que é a proposta da direção da empresa no sentido de terceirizar os serviços prestados por eletricitários e leituristas. Isso nós não vamos admitir porque se trata de uma forma de diminuir ainda mais os nossos salários, repassando para empresas de terceirização o dinheiro que deverá ser pago aos trabalhadores.

Maior tarifa

Garantiu que “uma maior participação dos 2.500 trabalhadores nos lucros da empresa é uma forma de compensar os baixíssimos salários pagos. Para se ter uma idéia dessa situação, os nossos leituristas, que nos tempos da antiga estatal Saelpa ganhavam até três salários mínimos, estão recebendo R$ 530. Ou seja, um dos mais baixos do Brasil”.
Enquanto isso, prosseguiu, a Energisa cobra as tarifas mais altas do País, sendo 42% acima das de São Paulo, o Estado mais rico da Federação. Isso significa dizer que a Energisa está obtendo um lucro gigantesco à custa dos consumidores e dos trabalhadores, que cresceram, em cinco anos, 386%, enquanto a PLR somente 236%. Essa defasagem é inadmissível
No boletim Seligue, do Sindeletric, distribuído durante o protesto, consta que no ano de 2004 a empresa teve um lucro de R$ 20,9 milhões e pagou R$ 317,00 de PLR; em 2005 lucrou R$ 72 milhões e pagou PLR de R$ 342; em 2006, R$ 70 milhões de ganhos contra R$ 616 de PLR; em 2007, 87 milhões contra R$ 752 de PLR; e em 2008, R$ 101 milhões de lucros com PLR de R$ R$ 1.067. Nesse período, os lucros cresceram 386% e a PLR 236%.

A empresa

A reportagem ligou para a Assessoria de Imprensa da Energisa, que prometeu dá retorno, mas não deu.

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