Mais de 22 mil professores da Paraíba aderem à greve nacional de três dias convocada pela CNTE e mais de 450 mil alunos ficam sem aulas

Edson Verber

SEMANA NACIONAL EM DEFESA DA EDUCAÇÃO PÚBLICA

Hoje, amanhã e quinta-feira, mais de 450 mil alunos das redes estadual e municipal de ensino da Paraíba não terão aulas, em face de os mais de 22 mil docentes Estado e Município terem aderido à paralisação nacional de três dias decretada pela CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), com o objetivo principal de colocar trabalhadores da educação e a sociedade nos debates da 14ª Semana Nacional em Defesa e Promoção da Educação Pública, cujo foco é a valorização dos profissionais em educação, pela aprovação do Plano Nacional de Educação e a destinação dos royalties do petróleo e 10% do PIB para a educação.
Na Paraíba o plano de cargos e carreira é o foco inicial dos debates que ocorrerão hoje na sede da APLP (Associação dos Professores de Licenciatura Plena), durante um café da manhã. “Vamos aproveitar a presença dos colegas e debater sobre a educação na Paraíba, a relação com o plano de cargos e carreira e a qualidade do ensino, já que houve a desestruturação do PCCR da categoria criado em 2003, que acaba de completar dez anos de existência, sem nada a comemorar. Muito pelo contrário, pois a realidade é que com as ações do atual governador os ganhos decorrentes das progressões por tempo de serviço e qualificação, foram anulados. É um fato muito grave” - disse o presidente da APLP, Francisco Fernandes.

No Município

Já o Sintep (Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado) programou Assembléia Geral na sua sede, na tarde de hoje, e nos demais dias debates com funcionários e visita à Secretaria da Educação, no último dia da greve.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Município, Daniel de Assis, destacou que na quarta-feira, haverá distribuição de panfletos explicativos sobre o movimento, no Centro Administrativo de Água Fria e reunião às 09h00 de quinta-feira na sede da entidade, com funcionários da educação e servidores de apoio administrativo efetivos. Garantiu que os 54 mil alunos das 94 escolas municipais da capital não serão prejudicados, pois terão assegurados os 200 dias letivos previstos em lei.

Nacional

O presidente da CNTE, Roberto Leão, destaca que “além da greve nacional, o foco é a valorização dos profissionais em educação. Esta semana tradicionalmente se destina ao debate das questões educacionais e terá como prioridade o debate sindical da mobilização, mais um ano que estaremos lutando para que o piso salarial nacional seja efetivamente aplicado no nosso país com uma greve nacional”.
Da programação nacional consta, amanhã, dia 24 de abri um ato com representação dos estados na Câmara dos Deputados, em Brasília e também atos locais nas sedes de governo estaduais e municipais pelo país.
“Queremos chamar a atenção dos governos, de todas as esferas administrativas, para a importância de se cumprir integralmente a Lei do Piso do Magistério e de se valorizar todos/as os/as trabalhadores/as em educação com salário digno, carreira atraente, jornada compatível com as demandas profissionais e condições adequadas de trabalho. Também destacamos a importância de o Congresso Nacional regulamentar a Convenção 151 da OIT,
imprescindível para estabelecer a Negociação Coletiva no Serviços Público” – disse o Presidente.

Profissão não atrai

Muito se fala sobre os problemas na aprendizagem dos estudantes, mas pouco se tem feito para garantir a formação inicial e continuada de qualidade dos profissionais da educação (professores, especialistas e funcionários) e, sobretudo, para assegurar plenas condições de trabalho e qualidade de vida aos/às educadores/as.
No Brasil, estima-se a falta de mais de 300 mil professores nas redes públicas estaduais e municipais, sem contar os milhares de profissionais que lecionam, sem habilitação, em áreas de conhecimento distintas de sua formação. Entre os funcionários da educação, menos de 10% possuem diploma profissional.
Por outro lado, prosseguiu, a juventude não se sente atraída pela profissão, que perdeu status social e foi duramente desvalorizada ao longo de décadas. Os profissionais que se mantêm nas escolas sofrem com doenças do trabalho – como burnout, alergias, varizes e calos vocais – e estão cada vez mais expostos à violência e às inúmeras e injustas cobranças, que desprezam suas condições de trabalho.
Hoje, 86% das matrículas escolares no Brasil concentram-se na escola pública, e sem que esta instituição seja devidamente valorizada, dificilmente atingiremos melhores índices de distribuição de renda, de emprego de qualidade e justiça social.
Neste sentido, reiteramos aos trabalhadores/as, gestores públicos, parlamentares, pais, mães e estudantes a necessidade de o Congresso aprovar, com urgência, o novo Plano Nacional de Educação e de destinar 100% dos recursos provenientes da exploração do petróleo para a educação pública. Pois, sem estratégias nacionais para se garantir a equidade no atendimento educacional de qualidade, a cidadania e as oportunidades continuarão
sendo privilégios de poucos.
Essa luta é de toda sociedade, e não apenas dos/as trabalhadores/as em educação.
Contamos com o apoio de todos/as!

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