Ataque ao Irã pode desencadear 3ª guerra mundial e a extinção da humanidade

EUA pode levar o mundo à terceira guerra para garantir lucro das multinacionais

Michel Chossudovsky - Global Research

Centro para a Investigação da Globalização (Global Research on Globalization)

A humanidade está numa encruzilhada perigosa. Os preparativos de
guerra para atacar o Irã estão em estágio avançado. Sistemas de alta
tecnologia, incluindo armas nucleares, estão totalmente desenvolvidos.
Esta aventura militar está colocada sobre o tabuleiro de xadrez do
Pentágono desde meados da década de 1990. Primeiro o Iraque, depois o
Irã, segundo documentos desclassificados de 1995, do Comando Central
dos EUA.

A escalada é parte da agenda militar. Além do Irã, próximo objetivo
junto com a Síria e o Líbano, esse desdobramento estratégico ameaça
também a Coréia do Norte, a China e a Rússia. Desde 2005, os EUA e
seus aliados, incluídos aqui os Estados Unidos da OTAN e Israel, estão
envolvidos numa ampla atividade e no armazenamento de sistemas de
armas avançados.

Os sistemas de defesa aéreos dos EUA, os países membros da OTAN e
Israel estão totalmente integrados. Trata-se de uma tarefa coordenada
pelo Pentágono, pela OTAN e pela Força de Defesa de Israel (IDF, na
sigla em inglês), com a participação ativa de militares de vários
países da OTAN e não só, incluindo os estados árabes de primeira linha
(os membros da OTAN do Mediterrâneo e a Iniciativa de Cooperação de
Istambul), Arábia Saudita, Japão, Coréia do Sul, Índia, Indonésia,
Singapura, Austrália, entre outros. A OTAN se compõe de 28 estados
membros. Outros 21 países são membros do Conselho da Aliança
Euro-Atlântica (EAPC); o Diálogo Mediterrânico e a Iniciativa de
Cooperação de Istambul contam com dez países árabes e Israel.

O papel do Egito, dos Estados do Golfo e da Arábia Saudita (dentro de
uma aliança militar ampliada) é de particular relevância. O Egito
controla o trânsito de barcos de guerra e de barcos petroleiros pelo
Canal de Suez. Arábia Saudita e os Estados do Golfo ocupam a costa
ocidental do sul do Golfo Pérsico, o estreito de Ormuz e o Golfo de
Omã.

Em princípios de junho deste ano o Egito informou que permitiu a onze
barcos dos EUA e de Israel passar pelo Canal de Suez, numa aparente
sinalização ao Irã. Em 12 de junho, vozes da imprensa regional
informaram que os sauditas haviam dado a Israel autorização para
sobrevoar seu espaço aéreo (Mirak Weissbach Muriel, Israel Insane War
on Iran Must Be Prevented, Global Research, 31 de julho de 2010). Na
doutrina militar consagrada após o 11 de setembro, o estabelecimento
massivo de armamento militar se definiu como parte da chamada Guerra
Global contra o terrorismo, dirigido para organizações terroristas não
estatais, como a Al Qaeda e os chamados Estados patrocinadores do
terrorismo, entre eles o Irã, Síria, Líbano e Sudão.

A criação de novas bases militares dos EUA, o armazenamento de armas
avançadas, incluindo as armas nucleares táticas, etc. foram levadas a
cabo como parte da preventiva doutrina militar defensiva debaixo do
guarda chuva da "Guerra Global contra o Terrorismo".

Guerra e crise econômica
As consequências de um ataque mais amplo por parte dos EUA, da OTAN e
de Israel contra o Irã são de grande alcance. A guerra e a crise
econômica estão intimamente relacionadas. A economia de guerra é
financiada por Wall Street que, por sua vez, se ergue como credor da
administração dos EUA.

Os produtores de armas dos EUA são os destinatários de bilhões de
dólares do Departamento de Defesa do país, pelos contratos de
aquisição de sistemas de armas avançadas.

Por sua vez, “a luta pelo petróleo” no Oriente Médio e Ásia Central
serve diretamente aos interesses dos gigantes do petróleo
anglo-estadunidense. Os EUA e seus aliados estão “batendo os tambores
da guerra” na altura de uma depressão econômica mundial, para não
mencionar a catástrofe ambiental mais grave na história da humanidade.
Por amarga ironia, a British Petroleum, uma das maiores jogadoras do
tabuleiro de xadrez geopolítico da Ásia Central no Médio Oriente,
antigamente conhecida como Anglo-Persian Oil, causou a terrível
catástrofe ecológica no Golfo do México.

Meios de desinformação
A opinião pública, influenciada pelo barulho dos meios de comunicação,
oferece apoio tático, indiferente ou ignorante dos possíveis impactos
daquilo que se mantém propositalmente como um fator punitivo da
operação dirigida contra as instalações nucleares do Irã em lugar de
uma guerra total.

Os preparativos de guerra incluem o aumento da atividade dos
fabricantes de armas nucleares dos EUA e de Israel. Neste contexto, as
consequências devastadoras de uma guerra nuclear são banalizadas ou
simplesmente não se mencionam. A crise “real” que ameaça a humanidade
é o “aquecimento global” e não a guerra.

A guerra contra o Irã é apresentada à opinião pública como um tema
banal entre tantos outros. Não é apresentado como uma ameaça à Mãe
Terra, como é o caso do aquecimento global. Não se noticia com
destaque. O fato de que um ataque contra o Irã poderia levar a uma
potencial escalada e o desencadear uma guerra global não é motivo de
preocupação.

Culto à morte e a destruição
A máquina global de matar é sustentada pelo culto à morte e pela
destruição que impregnam muitos dos filmes de Hollywood, e por não
mencionar as guerras no horário nobre. E também pelas séries de
televisão sobre delinquência.

Este culto à matança está respaldado pela CIA e pelo Pentágono, que
apóia, financiando, produções de Hollywood como instrumento de
propaganda de guerra.

O ex-agente da CIA Bob Baer disse: "Existe uma simbiose entre a CIA e
Hollywood e revelou que o ex-diretor da CIA, George Tenet, se encontra
atualmente em Hollywood, conversando com os estúdios. (Matthew Alford
and Robie Graham, “Lights, Camera Covert Action: The Deep Politics of
Hollywood”, Global Research, 31 de janeiro de 2009).

A máquina de matar se desenvolveu em nível global dentro do marco de
estrutura de comando de combate unificado. E é mantida habitualmente
por instituições de governo, meios corporativos, altos funcionários e
intelectuais que se colocam à disposição de uma Nova Ordem Mundial a
partir de um grupo de pensadores de Washington e dos institutos de
investigação de estudos estratégicos, como instrumento indiscutível da
paz e da prosperidade mundial. É a cultura da morte e da violência
gravando-se na consciência humana.

A guerra está amplamente aceita como parte de um projeto social: a
Pátria tem que ser defendida e protegida.

A violência legitimada e as execuções extrajudiciais contra os
terroristas são mantidas nas democracias ocidentais como instrumentos
necessários de segurança nacional.

Uma “guerra humanitária” é sustentada pela chamada comunidade
internacional. Não é condenada como um ato criminoso. Seus principais
idealizadores são recompensados por suas contribuições à paz mundial.
Em relação ao Irã, o que se está desenvolvendo é a legitimação direta
de uma guerra em nome de uma idéia ilusória de segurança mundial.

Um ataque aéreo “preventivo” contra o Irã levaria a uma escalada. Na
atualidade existem três teatros de guerra no Oriente Médio e Ásia
Central: Iraque, Afeganistão/Paquistão e Palestina.

Se o Irã se tornar objeto de um ataque “preventivo” por forças
aliadas, toda a região, desde o Mediterrâneo Oriental até a fronteira
da China com o Afeganistão e o Paquistão poderia arder em chamas, o
que nos conduz, potencialmente, a um cenário de Terceira Guerra
Mundial.

A guerra se estenderia ao Líbano e a Síria. É muito pouco provável que
se os ataques, caso se concretizassem, ficassem circunscritos a
instalações nucleares do Irã, como afirmam as declarações oficiais dos
EUA e da OTAN. O mais provável será um ataque aéreo tanto a
infraestruturas militares como civis, sistemas de transporte, fábricas
e edifícios públicos.

O Irã, com dez por cento estimados do petróleo mundial, ocupa o
terceiro lugar em reservas de gás, depois da Arábia Saudita (25%) e o
Iraque (11%), pelo tamanho de suas reservas. Em comparação, os EUA têm
menos de 2,8% das reservas mundiais de petróleo. (Cf. Eric Waddell,
The Battle for Oil, Global Research, dezembro de 2004).

É de grande importância o recente descobrimento no Irã, nas regiões de
Soumar e Halgan, das segundas maiores reservas mundiais conhecidas que
se estimam em 12,4 bilhões de pés cúbicos. Apontar as armas ao Irã não
só consiste em recuperar o controle anglo-estadunidense sobre o
petróleo e a economia de gás, incluindo-se as rotas de oleodutos, mas
também questiona a influência da China e da Rússia na região.

O ataque planificado contra o Irã faz parte de um mapa global
coordenado de orientação militar. É parte da “longa guerra do
Pentágono”, uma proveitosa guerra sem fronteiras, um projeto de
dominação mundial, uma sequencia de operações militares.

Os planificadores militares dos EUA e da OTAN têm previsto diversos
cenários da escalada militar. E são também muito conscientes das
implicações geopolíticas, como por exemplo, saber que a guerra poderá
se estender para além da região do Oriente Médio e da Ásia Central. Os
efeitos econômicos sobre os mercados do petróleo, etc. são também
analisados. Enquanto o Irã, a Síria e o Líbano são os objetivos
imediatos, China, Rússia, Coréia do Norte, sem contar Venezuela e
Cuba, são também objeto de ameaça dos EUA.

Está em jogo a estrutura das alianças militares. As atividades
militares da OTAN-EUA-Israel, incluindo manobras e exercícios
realizados na Rússia e suas fronteiras próximas com a China têm uma
relação direta com a guerra proposta contra o Irã. Estas ameaças
veladas, incluindo o seu calendário, constituem um claro aviso aos
antigos poderes da época da Guerra Fria, para evitar que possam ou
venham a interferir em um ataque dos EUA ao Irã.

Guerra Mundial
O objetivo estratégico em médio prazo é chegar ao Irã e neutralizar
seus aliados, através da diplomacia dos tiros de canhão. O objetivo
militar em longo prazo é dirigir-se diretamente à China e a Rússia.

Ainda que o Irã seja o objetivo imediato, o desdobramento militar não
se limita ao Oriente Médio e a Ásia Central. Uma agenda militar global
está estabelecida. O avanço das tropas de coalizão e os sistemas de
armas avançadas dos EUA, da OTAN e seus sócios, está se configurando
de forma simultânea em todas as principais regiões do mundo.

As recentes ações dos militares dos EUA em frente as costas da Coréia
do Norte em forma de manobras são parte de um desenho global. Os
exercícios militares, simulações de guerra, o deslocamento de armas,
etc. dos EUA, da OTAN e seus aliados que se estão realizando
simultaneamente nos principais pontos geopolíticos, visam
principalmente a Rússia e a China.

-A península da Coréia, o Mar do Japão, o estreito de Taiwan, o Mar
Meridional da China, ameaçam a China.

- O deslocamento de mísseis Patriot para Polônia, o Centro de Alerta
próximo à República Checa, ameaça a Rússia.

- Avanços navais na Bulgária, na Romênia e Mar Negro, ameaçam a Rússia.

- Avanços de tropas da OTAN e dos EUA na Geórgia também.

- Um deslocamento naval de grande dimensão no Golfo Pérsico,
incluindo-se submarinos israelenses, dirigidos contra o Irã.

Ao mesmo tempo, o Mediterrâneo Oriental, o Mar Negro, o Caribe,
América Central e região andina da América do Sul, são as zonas de
militarização em curso. Na América Latina e no Caribe, as ameaças se
dirigem à Venezuela e a Cuba.

“Ajuda militar” dos EUA
Por sua vez, transferências de armas em grande escala foram feitas sob
a bandeira norte americana como “ajuda militar” a países selecionados,
incluindo-se cinco bilhões de dólares num acordo de armamento com a
Índia que se destina a melhorar as capacidades bélicas da Índia contra
a China. (Huge U.S – Índia Arms Deal To Contain China, Global Times,
13 de julho de 2010).

“Isto (a venda de armas) significa melhorar as relações entre
Washington e Nova Delhi e, de forma deliberada ou não terá o efeito de
conter a influência da China na região”. (Citado em Rick Rozoff,
Confronting both China and Russia: U.S. Risks Military Clash With
China in Yellow Sea, Global Research, 16 de julho de 2010).

Os EUA conseguiram acordos de cooperação militar com alguns países do
sul da Ásia Oriental, como Singapura, Vietnã e Indonésia, incluindo
sua “ajuda militar”, assim como a participação em manobras militares,
sempre dirigidas pelos Estados Unidos, na órbita do Pacífico
(julho/agosto de 2010). Esses acordos são de apoio às implementações
de armas dirigidas contra a República Popular da China. (Cf. Rick
Rozoff, op. Cit.)

Do mesmo modo e mais diretamente relacionado ao ataque planificado
contra o Irã, os EUA estão armando os Estados do Golfo (Bahrein,
Kuwait, Qatar e os Emirados Árabes Unidos) com o interceptador de
mísseis terra-ar Patriot Advanced Capability-3 (THAAD), assim como os
baseados nos modelos de mísseis mar-3, interceptadores instalados em
barcos de guerra de classe Aegis no Golfo Pérsico. (Cf. Rick Rozoff,
NATO’s Role in the Military Encirclement of Iran, 10 de fevereiro de
2010).

Calendário de provisão e armazenamento militar
No que diz respeito à transferência de armas dos EUA para sócios e
aliados, o crucial é o momento da entrega e do seu desdobramento. O
lançamento de uma operação militar dos EUA ocorrerá, uma vez que esses
sistemas de armas estejam em seu lugar mediante o desenvolvimento
efetivo da aplicação e da capacitação do pessoal preparado. (Por
exemplo, a Índia)

Estamos falando de um desenho militar mundial cuidadosamente
coordenado e controlado pelo Pentágono, com a participação de forças
armadas combinadas de mais de quarenta países. Esse desdobramento
militar mundial é, com certeza, o maior desdobramento de sistema de
armas avançados da história.

Por sua vez, os EUA e seus aliados têm estabelecido novas bases
militares em diferentes partes do mundo. “A superfície da terra está
estruturada como se fosse um enorme campo de batalha” (Cf. Jules
Dufour, The Worldwide Network of US Military Bases, Investigación
Global, 01 de julho de 2007).

O Comando Unificado da estrutura geográfica dividida em comandos de
combate tem como base uma estratégia de militarização em nível global.
“Os militares norte americanos têm bases em 63 países. E novas bases
foram construídas a partir do 11 de setembro de 2001 em sete países.
No total, existem 255.065 militares dos EUA distribuídos por todo o
mundo”. (Cf. Jules Dufour, op. Cit.)
.
O cenário da Terceira Guerra Mundial
Esse desdobramento militar se produz em várias regiões e ao mesmo
tempo sob a coordenação dos comandos regionais dos EUA com a
participação de aliados no armazenamento de arsenais norte americanos,
inclusive antigos inimigos, como o Vietnã e o Japão.

O contexto atual se caracteriza por uma acumulação militar global
controlada por uma superpotência mundial que está utilizando seus
aliados para desencadear numerosas guerras regionais.

A diferença que se estabelece com a Segunda Guerra Mundial, que foi
também uma conjunção de distintas guerras regionais, é que com a
tecnologia de comunicações e sistemas de armas da década de 1940, não
havia estratégia em “tempo real” para coordenar as ações militares
entre grandes regiões geográficas.

A guerra mundial se apóia num desdobramento coordenado de uma só
potência militar dominante, que supervisiona as ações de seus aliados
e sócios.

Com exceção de Hiroshima e Nagasak, a Segunda Guerra Mundial se
caracterizou pelo uso de armas convencionais. A planificação de uma
guerra mundial se baseia na militarização do espaço ultra terrestre.

Se uma guerra contra o Irã se inicia, não somente o uso de armas
nucleares, mas toda uma gama de novos sistemas de armas avançadas,
incluindo armas eletrônicas e técnicas de modificação ambiental, seria
utilizada.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas
O Conselho de Segurança da ONU aprovou em princípios de junho último
uma quarta rodada de sanções de grande alcance contra a República
Islâmica do Irã, que incluem o embargo de armas e “controles
financeiros mais estritos”.

Em amarga ironia, esta resolução foi aprovada poucos dias depois da
negativa pura e simples do mesmo Conselho de Segurança em adotar uma
moção de condenação ao Estado de Israel em seu ataque à Frota pela
Liberdade em Gaza em águas internacionais.

Tanto a China quanto a Rússia, pressionados pelos EUA, têm apoiado o
regime de sanções do Conselho de Segurança das Nações Unidas em seu
próprio prejuízo. Suas decisões no CS contribuem para enfraquecer sua
própria aliança militar, a Organização de Cooperação de Xangai (OCS),
onde o Irã tem o estatuto de observador. A resolução do Conselho de
Segurança congela os respectivos acordos de cooperação militar e
econômica da China e da Rússia com o Irã. Isto tem graves repercussões
no sistema de defesa aérea do Irã que, em parte, depende da tecnologia
e da experiência russas. A Resolução do Conselho de Segurança outorga,
de fato, “luz verde” para liberar uma guerra preventiva contra o Irã.

A inquisição estadunidense: construção de um consenso político para a guerra

Em coro, os meios de comunicação ocidentais têm qualificado o Irã como
uma ameaça à segurança mundial por seu suposto (inexistente) programa
de armas nucleares. Fazendo eco com as declarações oficiais, os meios
de comunicação estão exigindo agora a aplicação de bombardeios
punitivos dirigidos contra o Irã, a fim de salvaguardar a integridade
de Israel.

Esse mesmos meios de comunicação fazem soar os tambores de guerra. O
propósito é incutir na mente das pessoas, a partir da repetição de
notícias até a exaustão, a idéia de que a ameaça iraniana é real e que
a República islâmica deve ser “banida”.

O processo de criação de um consenso para fazer a guerra é similar ao
da Inquisição espanhola. Requer e exige submissão à idéia de que a
guerra é uma tarefa humanitária.

Contudo, conhecida e documentada, a verdadeira ameaça à segurança
global vem da aliança EUA-OTAN-Israel; na verdade, a realidade por um
ambiente inquisitorial é exatamente o seu oposto: os belicistas
parecem estar comprometidos com a paz, enquanto as vítimas da guerra
se apresentam como protagonistas do conflito.

Considerando que em 2006 quase dois terços dos norte americanos se
opunham a uma ação militar contra o Iraque, uma recente pesquisa feita
em 2010 pela Reuter-Zogby, indica que 56% dos estadunidenses são
favoráveis a uma ação militar da OTAN contra o Irã. A construção de um
consenso político que se nutre de uma mentira não pode, contudo,
confiar somente na posição oficial daqueles que são a fonte da própria
mentira.

Os movimentos pacifistas nos EUA, que em parte têm sido infiltrados e
cooptados, assumiram uma posição fragilizada em relação ao Irã. O
movimento contra a guerra está dividido. A ênfase se coloca contra as
guerras que estão em andamento (Afeganistão e Iraque) ao invés de se
oporem vigorosamente a guerras que estão sendo preparadas e que se
encontram sobre o tabuleiro de xadrez do Pentágono.

Desde a posse de Barack Obama, o movimento contra a guerra perdeu
muito da sua força. Por outro lado, aqueles que se opõem ativamente às
guerras no Afeganistão e no Iraque, não se opõem necessariamente à
realização de “bombardeios punitivos” contra o Irã, nem consideram
essas ações como atos de guerra. Guerra esta que poderia ser o
prelúdio da Terceira Guerra Mundial.

A escalada de protestos contra a guerra em relação ao Irã tem sido
mínima em comparação com as enormes manifestações que precederam os
bombardeios de 2003 e a invasão do Iraque.

Mas a verdadeira ameaça à segurança do mundo vem da aliança
EUA-OTAN-Israel. À operação Irã, não se opuseram, no âmbito
diplomático, tanto a China quanto a Rússia, sendo que conta também com
o apoio dos governos dos estados árabes de primeira linha que integram
o diálogo OTAN - Mediterrâneo. Conta também com o apoio tácito da
opinião pública ocidental.

Fazemos aqui um apelo às pessoas de todos os países, nas Américas,
Europa Ocidental, Turquia, Israel, em todo o mundo, a levantarem-se
contra este projeto militar, contra os seus governos que apóiam a ação
militar no Irã, a levantarem-se contra os meios de comunicação que
servem para dissimular as devastadoras conseqüências de uma guerra
contra o Irã. Esta guerra será uma insanidade.

A Terceira Guerra Mundial é terminal. Albert Einstein sabia dos
perigos da guerra nuclear e da extinção da vida na terra, que já
começou com a contaminação radioativa resultante do urânio
empobrecido. “Não sei com que armas se fará a luta numa III Guerra
Mundial, mas na IV Guerra Mundial se lutará com paus e pedras”. Os
meios de comunicação, os intelectuais, os cientistas e os políticos,
em coro, ofuscam a verdade não contada, ou seja, que a guerra que
utiliza ogivas nucleares destrói a humanidade e que este complexo
processo de destruição gradual já começou.

Quando a mentira se converte em verdade, já não há volta atrás. Quando
a guerra se invoca como uma “tarefa humanitária”, a justiça e todo o
sistema jurídico internacional são tomados ao contrário: o pacifismo e
o movimento contra a guerra são criminalizados. Opor-se à guerra se
converte num ato criminoso.

A mentira deve ser exposta como aquilo que é e o que faz: sanciona a
matança indiscriminada de homens, mulheres e crianças. Destrói
famílias e pessoas. Destrói o compromisso das pessoas com os seus
semelhantes. Impede as pessoas de expressarem sua solidariedade pelos
que sofrem. Defende a guerra e o estado policial como a única saída.
Destrói o internacionalismo.

Impedir a mentira significa impedir um projeto criminoso de destruição
global. Nela, a busca do benefício é a força primordial. Este
benefício, movendo a agenda militar, destrói os valores humanos e
transforma as pessoas em zumbis inconscientes. Vamos inverter essa
maré.

Desafio aos criminosos de guerra em seus altos cargos e em suas
poderosas corporações, bem como aos grupos de pressão que os apóiam:
fim da inquisição dos Estados Unidos da América. Fim da cruzada
militar EUA-OTAN-Israel.Fechem as fábricas de armas e as bases
militares. Retirada das tropas dos campos de guerra. Os membros das
Forças Armadas devem desobedecer às ordens e negarem-se a participar
de uma guerra criminosa.

(*) Michel Chossudovsky é laureado autor, professor (emérito) de
Economia na Universidade de Ottawa e diretor do Centro para
Investigação sobre a Globalização (CRG), Montreal. É autor de ‘La
Globalización de la Pobreza y el Nuevo Orden Mundial’ (2003) e de ‘La
guerra de América contra el terrorismo’ (2005). Também é colaborador
da Enciclopédia Britânica. Seus escritos são publicados em mais de
vinte idiomas.

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